Nasceu a 16 de junho de 1912 em El Punto de Santa Maria, Cadiz. Foi um menino normal até aos 3 anos, quando fica doente e essa doença lhe traz sequelas para toda a vida, uma bronquite que marcará o seu seguimento pela vida artística, pois como não podia jogar nem brincar como os outros meninos, nasce nele um observador e medidor da vida, sendo esse o germinar da sua vocação artística. Em 1928 ingressa na Academia de Belas Artes de Santa Cecilia para asistir as aulas de desenho de figura, onde caba com classificação máxima ao acabar o curso. Um ano mais tarde começa a trabalhar na "Revista Portuense" onde desenhava personalidades da época, um verdadeira êxito. Neste mesmo ano participa na exposição de alunos da Academia de Belas Artes e ganha, realizando assim a sua primeira exposição sozinho, intitulada "Manolo Prieto y los patios andaluces", onde vende os seus primeiros quadros. Despede-se da sua cidade natal em 1929 e inicia a sua aventura em Madrid, onde chega com a ilusão de ampliar os seus estudos artísticos. Começa a trabalhar como cenógrafo teatral e faz ilustrações para várias peças. Mais tarde arranja trabalho numa agência de publicidade "Publicitas". Em 1935 participa num concurso de cartazes da Asociación de la Prensa e ganha dois prémios no concurso de Cartales Turisticos Pro-Guipúzcoa organizado pela Diputación de Guipúzcoa. No seguinte ano instala-se a Guerra Civil e Manolo Prieto passa a trabalhar no "El altavoz del Frente" como desenhador.Vai para Valência com o Governo da República mas devido aos seus problemas de asma é transladado para Madrid. Ingressa no Comissário do 5º grupo do exército como Sargento, onde conhece Rafael Alberti e Miguel Hernández. Desenhador político do periódico "El Sol" em 1939. Em 1940 começa a ilustrar a revista literária "Novelas y Cuentos", exemplar semanal muito económico mas onde as sua obras com simbolismo e modernas aparecem com grande relevância. Uns anos mais tarde, em 1944, e já com a guerra a terminada, oferecem-lhe trabalho na Embaixada dos Estados Unidos da América, onde passa a fazer parte da secção de imprensa da casa americana. A revista "Arte Comercial" dedica-lhe algumas das suas páginas em 1946, e em 1947 Manolo Prieto começa a trabalhar como director artístico na agência de publicidade "Azor" e obteve o 1º prémio para a capa da revista "Arte Comercial" onde começa logo de seguida a sua colaboração com a revista.
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Realiza diversos trabalhos publicitários com os laboratórios Made e também ilustra os cartazes de cinema para os filmes "Mariona Rebull" e "Luis Candelas, ladrón de Madrid", criando um novo conceito de cartazes cinematográficos. Mais tarde, em 1951, participa na Bienal Hispano-Americana de Arte e ganha o primeiro prémio no concurso "La Fiesta de los Toros en España", e em 1952 realiza a capar do catalogo de uma Exposição Nacional de Belas Artes do Ministério da Educação Nacional. Realiza o seu primeiro cartaz para a IBERIA. Em 1954 cria, para "Publicidad Azor" a famosa cerca publicitária par a empresa Osborne, "El toro de las carreteras" que é muito bem aceite pelo cliente, mas que acabará convertendo-se em ícone para a sociedade espanhola chegando mesmo a passar a fama fronteiras espanholas. Dois anos mais tarde cria diversos cartazes para as obras da companhia de teatro de José Tamayo e ganha o primeiro prémio dos cartazes para o Festival de Espanha. Agora Manolo Prieto aparece já como figura da actualidade no diário YA e apartir desta época é um artista conceituado e respeitado por todos. Morre a 5 de Maio de 1991, altura em que trabalhava na série de medalhas da "Comunidades Autónomas de España".
Uma das maiores vertentes de Manolo Prieto foi sem duvida a de designer gráfico. Na sua diversa obra de cartazes, ao longo de meio século de criações, pode-se observar um amplio leque de diferentes tipos de cartazes, que vão desde cartazes de teatro, a cartazes de touradas, com que teve uma epecial relação, cartazes de feiras, cartazes turísticos, cartazes publicitários e até cartazes comemorativos de qualquer tipo de evento. Durante todo este tempo n foram poucos os cartazes premiados em diversos concursos nacionais.
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O humor e a ironia de Manolo Prieto eram ingredientes básicos, e isso reflectia-se nos seus cartazes, onde a utilização deste humor típico vem do poder de persuasão da mensagem a transmitir no cartaz. Assim ele dizia:"Um bom cartaz atrair pela sua beleza, reter pela sua intenção, convencer pela sua imagem e logo soltar-se com um sorriso, se possível."
É também inevitável que, quando se falar da história de cartazes espanhóis, se comece por falar do cartaz "tourino". Os cartazes das touradas constituem uma importante tradição nas artes gráficas espanholas que se mantêm activas ao longo de quase duas décadas. Através da sua personalidade e da sua obra, filtram-se novos ares de modernidade no cartaz "tourino", fazendo sempre aparecer a simplificação, a geométrico e o esquematismo , abrindo um amplo leque entre a tradição e a inovação. A maior parte do seu êxito esta no saber aplicar os seus conhecimentos comerciais no cartaz, tratando-o como um meio de comunicação.
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Manolo Prieto foi, como ja foi referido, uma das maiores figuras do design gráfico espanhol do século XX. O seu trabalho percorreu as fórmulas renovadoras anteriores á Guerra Civil Espanhola, a partir da década dos anos cinquenta, fixando, algumas das bases mais sólidas da arte publicitária de espanha. Neste sentido, como designer gráfico, Manolo Prieto adoptou no nosso imaginário colectivo uma das imagens mais poderosas do panorama da gráfica internacional, e a mais poderosa a nível nacional, como recentemente foi nomeada imagem espanhola do século XX: o chamado Touro de estradas, comercialmente conhecido como Touro de Osborne, o familiarmente conhecido como o Touro de Manolo Prieto. Um touro que, com o passar do tempo, se comprova, cada vez mais, que ultrapassou qualquer dos seus planos e objectivos prévios publicitários, até se converter em imagem fundamental da nossa história visual, chegando inclusivamente a ser imagem de Espanha no estrangeiro. O desenho que Manolo Prieto ficou entregue a Osborne, e ele usou-o como símbolo de veterano, e o colocou em sítios estrategicamente elegidos na geografia espanhola, convertendo-se em testemunhos mudos de passagem, em figuras que projectam uma das imagens mais singulares e emblemáticas da cultura espanhola.
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A partir deste momento e através de um imparável processo de apropriação social, o Touro, foi-se convertendo num símbolo de supera a sua estrita dimensão publicitária para se converter numa referência estética, uma figura familiar e conhecida que acompanha o viajante no seu caminha pela geografia espanhola, que anima os desportistas nas suas competições fora das fronteiras espanholas, aos militares nas suas missões humanitárias, aos científicos espanhóis na sua base no árctico e, em geral, identifica a maioria dos cidades espanhóis quando se encontram fora das suas fronteiras. A primeira cerca publicitária, o primeiro Touro, foi instalado em Maio de 1957 no quilómetro 55 da estrada Madrid-Burgos, na localidade de Cabanilles de la Sierra. Esta primeira silhueta tinha 7 metros de altura, 40 metros quadrados de superfície e era de madeira. Na sua época dourada, a década dos anos setenta a "manada" chegou a superar os 500 exemplares, que se despresaram até Ceuta, Baleares, Canárias, Guiné e inclusive no Sahara. Aqueles primeiros touros eram ligeiramente diferentes dos que conhecemos hoje, tinham o corpo preto e os cornos brancos, e no seu corpo em letras vermelhas e brancas saltava a legenda "Veterano Osborne", com um copo de brandy desenhado sobre o "N" da palavra "Veterano". Em 1961, fabrica-se o primeiro Touro em chapa metálica. Desaparecem os cornos brancos e convertem-se em pretos como o resta da silhueta, e a legenda "Veterano" começa a aparecer em letras vermelhas grandes.Os retoques feitos na silhueta original do Touro, que se fizeram posteriormente, por opção do ferreiro, não foram do agrado do artista, que chegou a manifestar em algumas ocasiões: "Deixaram-m um Touro que parece uma cabra", motivo pela qual em algumas ocasiões mandava ao ferreiro a silhueta do Touro em quadriculado para facilitar a sua elaboração. Actualmente existem 97 Touros em todo o território espanhol, uma obra de arte que permanece já por direito, não só há história do design gráfico espanhol mas também ao pr´prio povo espanhol.
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Outra das facetas artísticas em que Manolo Prieto se destacou foi na publicidade. Em 1932, Manolo Prieto começa a colaborar na Agência de publicidade "Publicitas", época essa que não se tem documentos gráficos do seu trabalho, e colaborações que acabou mal a Guerra Civil começou e um novo rumo deu á sua vida durante esses anos de guerra. Em 1947 Manolo Prieto assume a direcção artística da agência de publicidade Azor, em Barcelona, e é ai que desempenha todo o seu trabalho de publicidade durante cerca de 26 anos. Nesses momentos o panorama da publicidade era um tanto desolador, pois a arte da publicidade descaiu para a raiz da Guerra Civil Espanhola. A pós-guerra, com as muitas dificuldades económicas que enfrentava sobretudo na publicações, alinhada á morte ou á partida para asilos dos grandes profissionais, fez com que a maioria das vezes só se fazia ênfase ao nome e marca a anunciar. Perante este panorama desolador encontrava-se Manolo Prieto quando trabalhava em Azor. Assim, visto comprometido com a publicidade e por azares da vida, era um daqueles artistas como já havia demonstrado, onde a publicidade anterior á guerra não passou despercebida. O humor na publicidade foi um dos temas mais utilizados antes da guerra para chamar a atenção do leitor. Este humor, somado ao exercício de visualizar frases feitas como "dar vueltas como una peonza" ou "beber como una esponja", e a um conceito de antropomorfismo dos objectos de raízes muito surrealistas (bombos de lotaria com patas e paquetes que correm), fazem parte de várias das campanhas de Manolo Prieto. Com esta criatividade e como seu sentido de humor, Manolo Prieto é um dos publicistas que anima ao dar a volta de novo ao que havia até então. Não se pode duvidar, por outro lado, que o humorismo surrealista correu os nossos anos quarenta e cinquenta como uma forma de convivência com a própria censura existente na época, e a que Manolo Prieto , como tantos outros, teve que sortear. Um dos melhores trabalhos na linha de humorismo surrealista é o que desenvolve para os produtos dos laboratórios LEFA (Antabus, Somni, Tiouracil, etc), que por casualidade da representação lhe permite crescer como desenhador e colorista.
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Esse mesmo humor de Prieto continua vivo em campanhas como certos anúncios de Anís Castelhana (por exemplo um tamborilero que normalmente aparece a reclamar vemos agora apenas as pernas descendo uma ribanceira a baixo). Graças á sua criatividade, Azor esteve entre as empresas líderes em publicidade, numa dura competição com as restantes agências que percorrem os anos 50 e 60 (Veristas, Clarín, Publicitas, Dardo e outras tantas) tentando-se enquadrar com o dinamismo da melhor publicidade europeia e norte-americana. Manolo Prieto pesquisava muitos registos gráficos, de tal maneira que podia instintivamente vincular-se com as correntes do realismo estilizado alemão das entre-guerras (Jogos Olímpicos de Bolivarianos) ou das do realismo mais exagerado da escola norte-americana (Calisay). A sua visão da peça publicitária é em suma muito pessoal: um motivo real, existente, tangível, que origine no espectador, por meio de uma associação de ideias, uma determinada sensação. A versatilidade e domínio de Prieto em qualquer dos seus géneros ( vinhetas, folhetos, cartazes de teatro, revistas, ilustrações, periódicos, estampas, cartazes publicitários, quadros, etc.) se distinguem na sua época da maioria dos desenhadores publicitários espanhóis como a fabricação sistemática de anúncios. O seu trabalho era tanto e tão amplo que, como dizia Gil Fillol em 1952 na revista Arte Comercial, podia calcular-se um crescimento enorme de produção publicitária espanhola no período de 1939/1952. Durante esta etapa de publicista era comum ver trabalhos seus como: várias capas para a revista "Arte comercial", campanhas de insecticidas, laboratórios médicos , campanhas para marcas de bebidas alcoólicas como Veterano de Osborne, Anís Castellana (excelente exemplo de síntese, combinação de cores e composições), AnísLas Cadenas, Calisay ou Licor 43, campanhas para produtos alimentícios como as da Danone, campanhas para electrodomésticos como os electrodomésticos Philips e as máquinas de lavar Bru, e outros tantos e tantos anúncios que inundavam a imprensa todos estes anos.
Com a morte de Manolo Prieto em 1991 começa-se a pensar em diferentes alternativas do que fazer com as suas obras e como as dar a conhecer. Começa esse caminhada com uma série de acontecimentos ao longo da década do século XX que acaba com a construção da Fundação Manolo Prieto, com a missão, entre outras coisas, de alargar recordações e difundir a sua obra, em qualquer das suas facetas, de maneira a que toda a sociedade tenha acesso á sua vida e obra.
25 fevereiro 2007
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