25 fevereiro 2007

Antecedentes: Os cartazes da Guerra Civil

Um ponto de viragem

O golpe militar de 1936 surpreendeu a maioria dos artistas, de mãos vazias perante uma situação que exigia a sua colaboração. Os cartazes do período da Guerra
Civil espanhola (1936-1939) são essencialmente do lado republicano, pois a actividade franquista neste campo foi praticamente inexistente. Os governos da República e da Catalunha iniciaram um movimento de propaganda, assim como os sindicatos, enchendo as paredes das ruas de cartazes antifascistas, como George Orwell descreveu na sua obra «Homenagem à Catalunha». Estes cartazes exaltavam o patriotismo e reflectiam e denunciavam as necessidades do povo, o perigo da inflação, as crueldades fascistas, a invasão italo-alemã, etc. As mensagens eram rápidas, as cores fortes e o traço sintético, conferindo-lhes eficácia.

Os cartazes políticos em Espanha são um importante ponto de viragem nas artes gráficas, pois não havia a tradição do cartaz, tirando os publicitários catalães e valencianos. A maioria dos cartazes não era feito por profissionais especializados nisso, mas por pintores, ilustradores, fotógrafos ou mesmo decoradores. Apesar disto, foi por aqui que as vanguardas começaram a ter exposição. Os cartazes, com influências do construtivismo soviético, do dadaísmo, da revista De Stijl ou da Bauhaus, passaram a ser parte do quotidiano espanhol, sendo das únicas vanguardas artísticas que se tornaram imediatamente domínio público. Tal como uma vanguarda é uma rotura artística, a Guerra Civil também foi uma rotura social. «As vanguardas mais acessíveis são aquelas que acompanham as roturas sociais, as que acompanham simplesmente o seu tempo».

cartazes de Lorenzo Goñi, 1936


cartaz de Mauricio Amster, 1937 (Polaco, um dos muitos estrangeiros activos no lado republicano. Participou na elaboração da Cartilha Escolar Antifascista)


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