A primeira metade do século XX em Espanha
O século XIX espanhol foi marcado pela instabilidade política. A vida curta da Primeira República, os várias golpes de estado e guerras civis entre liberais e absolutistas, as sucessivas constituições fracassadas e a monarquia liberal do fim do século não conseguiram resolver a instabilidade e desigualdade social do país.
Apenas alguns focos de industrialização surgiram na Catalunha e no País Basco, e explorações mineiras na Andaluzia e Astúrias. Os 79% da população que viviam da agricultura eram condicionados pelos grandes latifundiários, defendidos pela Igreja Católica que dominava e se opunha a reformas sociais.
Surgiram vários grupos revolucionários, como os anarquistas, que se insurgem contra os sindicatos, assassinando os seus militantes, e contra a Igreja, exterminando vários membros do clero.
Com o fim (devido a escândalos de corrupção) da ditadura militar instaurada em 1923 para impor a ordem na crise de início de século, o rei Afonso XIII procurou restaurar o regime parlamentar e constitucional. Nas eleições de 1931 os monarquistas saíram vitoriosos, mas os republicanos conquistaram a maioria nas grandes cidades. Prevendo uma guerra civil, o rei abdica e proclama-se a Segunda República. Nas novas eleições proclamou-se a separação entre Estado e Igreja, o que levou o chefe do novo governo a abdicar. Ainda no mesmo ano, numas terceiras eleições, a esquerda sai vitoriosa. Mas as medidas anticlericais do novo governo como a dissolução da Ordem de Jesus em Espanha e a proibição da actividade do clero no ensino pareceu demasiado para a direita e a Igreja, e muito pouco para os anarquistas.
Em 1933, devido à abstenção dos anarquistas anticonstitucionais, a esquerda perde as eleições e revolta-se, mas com fracos resultados. Vence a Confederação das Direitas Autónomas (CEDA).
Nas eleições de 36 a Frente Popular – socialistas, comunistas, anarquistas e nacionalistas catalães, bascos e galegos – vence as eleições. A direita nacionalista avança então com um golpe de estado contra os republicanos, organizado principalmente pelos generais José Sanjurjo, Emilio Mola e Francisco Franco. O golpe falha mas inicia-se aqui uma série de batalhas para controlar território: a Guerra Civil Espanhola.
A Frente Popular foi apoiada pela União Soviética e pelas Brigadas Internacionais, compostas por militantes socialistas e comunistas de todo o mundo. O Movimento Nacional foi reforçado pela Alemanha nazi e pela Itália fascista. O Vaticano também apoiou Franco, agora líder dos nacionalistas, contra o governo republicano anticlerical. A Igreja defendeu a revolta contra o governo, comparando-a a uma cruzada moderna contra o comunismo. A esquerda responde chacinando milhares de padres, freiras, monges e bispos e destruindo centenas de igrejas.
Barcelona é tomada pelos nacionalistas a 26 de Janeiro de 1939. Os conflitos continuam até Abril, terminando com a vitória dos franquistas. Morreram cerca de 500.000 pessoas nos conflitos.
O pós-guerra revelou-se árduo, pela perda de parte significativa da população em mortes e emigrações e pela baixa capacidade produtiva. A escassez tornou inevitáveis a fome a misérias extremas. Ainda que a Espanha não tenha participado activamente nesta, o início da Segunda Guerra Mundial uns meses depois da Guerra Civil veio piorar a situação. Entrou em vigor um isolamento internacional – para uma auto-suficiência económica – e um racionamento de alimentos, direitos de propriedade limitados e controlo dos preços.
Estas medidas depressa se mostraram ineficazes. Deu-se um liberalização geral e acordos com os Estados Unidos quebraram o isolamento. Mesmo assim, os rendimentos continuavam muito baixos. O governo tecnocrata (maioritariamente Opus Dei) que entrou em 57 pôs em prática duras medidas de estabilização. Diminuíram-se as despesas públicas, a economia foi aberta ao exterior, a moeda desvalorizada e os investimentos estrangeiros foram facilitados. Apesar da emigração de milhões de espanhóis devido a estas medidas, a partir dos anos sessenta a economia começou a subir.
25 fevereiro 2007
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